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2 de Julho - A chegada de M. Nonato à Bahia
2 de jul. de 2025
Um Dia de Grande Significado

Meus queridos amigos e irmãos, quero falar desse dia 2 de julho.
Esse dia é um dia dos mais importantes de minha vida e da vida de muitas pessoas que fazem parte dessa história. Quando aqui cheguei, eu vi que, mesmo que as pessoas não tivessem a capacidade de me reconhecer, não perdi a vontade e nem o querer de poder auxiliar alguém que precisasse de mim. Procurei sempre ter no coração o meu jeito e o meu próprio brilho e seguir a minha caminhada sempre em direção à luz que clareia meu caminho.
Sei muito bem que quando temos amizade verdadeira, quantidade não tem muito valor. O importante é a qualidade. Por isso, procurei sempre estar perto de pessoas que buscam a paz e ainda acreditam no amor. Tive um amigo, que no início de todo esse trabalho, esteve do meu lado sentindo e vivenciando as mesmas dores que passei. Ele se chamava Írcio Peixoto. Falei para ele algumas vezes, meu amigo, só a fé pode nos levar ao caminho que nos conduz à nossas metas e realizações. Eu nunca tive medo de recomeçar. Se for preciso, faço quantas vezes for necessário.
Sei que a vida passa rápido e não vou deixar nada para depois. Se eu tiver que chorar, vou chorar. Mas não vou deixar de sorrir nem de fazer amigos. São esses os pequenos detalhes que me mostram que ainda estou vivo e como anda meu coração e o quanto ele ainda é capaz de amar. Sei com convicção que só o afeto, o carinho e o perdão são quem expressam sentimentos especiais.
A Luta e a Esperança
Nesse dia 2 de julho de 1976, o sol amanheceu brilhando na Bahia. Salvador, essa cidade linda, cheia de vida e alegria, hospitaleira e amiga, que me recebeu com seu coração cheio de amor e de luz. Hoje eu quero fazer um minuto de silêncio para mim mesmo, para que eu possa refletir tudo que passei de ruim e de bom em minha vida e ver hoje o que posso fazer de melhor.
Tive momentos que não acreditava em ninguém e pensava que era o fim. achava que não tinha mais jeito, não confiava e não acreditava em nada e que tudo ia se desmoronar, mas parava para pensar e lembrava que nesse momento tinha muita gente com o coração cheio de planos e de amor, pensando em se levantar e melhorar suas vidas. Tinha também pessoas crescendo na esperança de um mundo bem melhor, mais honesto, mais humano, com mais respeito, com mais dignidade e com mais atitudes positivas.
Eu vi em muitos momentos a esperança querendo despregar de mim, mas não deixei o desespero tomar conta da minha alma. Vi que a vida jamais teria sentido para mim se não existisse a esperança e a perseverança e o amor, que é o remédio que cura qualquer enfermidade. Por isso, me segurei na força do tempo, porque só ele é quem pode cicatrizar todas as dores e feridas. Coloquei na minha mente que nenhum caminho será conquistado se não houver em seu coração coragem, virtude, simplicidade e humildade. Essa é a força que me segurou e fez eu estar aqui até hoje, procurando cumprir com minha missão e com o meu compromisso com a união do vegetal e com o Mestre Gabriel.
As primeiras sessões na Bahia

Hoje é dia de lembranças e de recordações. Chegada de Mestre Nonato a Salvador, Bahia, 2 de julho de 1976. Às vezes não sabemos e nem pensamos no que vem pela frente e nem o que tem do outro lado da estrada. Nunca pensei morar em Salvador, mas tudo é mistério. Muitas vezes fazemos coisas que nem imaginamos. Depois de muito tempo é que as coisas vêm clareando e a gente vem começando a entender e compreender como é a vida e o porquê de cada coisa. Devagarinho, tudo vem clareando. Vem as lembranças. As recordações dos primeiros irmãos.
Uma sexta-feira, 2 de julho de 1976, Marival me recebendo em Salvador, em uma pequena casa na Boca do Rio. Ali o mundo começava a se abrir para uma nova fase da minha vida. Um novo recomeçar. Tudo era bem diferente. Eu bebendo vegetal pela primeira vez em Salvador, juntamente com Marival, eu ainda bem jovem, com 31 anos de idade e o ele com 30 anos. Eu não sabia e nem imaginava quantas estradas eu teria que andar para chegar até aqui onde cheguei.
No dia 3 de julho, no sábado, a primeira sessão com pessoas da Bahia e de nacionalidades diferentes, que não sabiam também nem o que estavam bebendo e nem da grandeza da União do Vegetal. Era o mundo se abrindo para uma nova fase de minha vida. No dia 5 do mesmo mês e do mesmo ano, segunda-feira, a segunda sessão, praticamente com as mesmas pessoas, o meu primeiro encontro com Írcio Peixoto, meu irmão e meu amigo, esse que esteve do meu lado todos os momentos que eu precisei para continuar firme no cumprimento de minha missão.
Ali começava a nossa história, o início de muitas estradas a ser percorridas. Os primeiros irmãos, além de Írcio e Marival, estavam chegando: Fernando Hoisel, Beto Hoisel, Evelina Hoisel e José Almir Peixoto. Beberam vegetal comigo no dia 22 de julho de 1976, na terceira sessão dirigida em Salvador. Nessa sessão eu contei a primeira vez a história da Hoasca na Bahia. Depois desse dia, o vegetal que trouxe acabou e os trabalhos ficaram paralisado até dezembro de 1976.
A Viagem a Manaus e o Recomeço

Muitas e muitas coisas aconteceram nesse intervalo de tempo, mas só quem sabe de tudo isso sou eu que vivi essa experiência, e mais ninguém. Foi quando eu fui a Manaus para trazer minha esposa Roxana e meu filho Alexandre, que ainda ia fazer 3 anos de idade. Rosana veio, gestante de Marcelo, já nos dias de ter neném. Nessa viagem veio também o Idevaldo, meu irmão, que hoje é Mestre Idevaldo, e trouxe comigo também de volta o vegetal para dar continuidade aos trabalhos aqui em Salvador, iniciando uma nova fase da união do vegetal aqui na Bahia.
As sessões eram realizadas em Parafuso, município de Camaçari, Bahia, na casa de Fernando Hoisel, a qual ele intitulava A Casa da Lua Cheia, já com novos irmãos, eu, Roxana, Fernando, Írcio, Idevaldo, Juarez e Iara, naquela casa de Fernando em Parafuso, a realização da primeira sessão de adventício e também do primeiro preparo de vegetal na Bahia. Depois me mudei para Salvador para morar na minha casa no Alto do Penedo, Itapuã. Tudo isso são lembranças que não saem do meu pensamento. Vendo isso, tudo começar como se fosse um milagre ou um sopro do criador.
Depois de algum tempo, o Idevaldo volta para Manaus. Ali na casa, no alto do Penedo, os primeiros irmãos continuavam chegando. Alberto Herrera, Antônia Herrera, Tomás, João Gutemberg, Anchieta, Noé, ainda todos jovens cheios de esperança de que coisas boas vinham acontecer em suas vidas. E ali começava uma nova visão de mundo.
Os primeiros irmãos

A primeira pessoa da União do Vegetal a nos visitar e dirigir uma sessão aqui em Salvador foi o Mestre Roberto Souto, autorizado pelo Mestre Joanico, que na época era o Mestre Geral Representante (da União do Vegetal), em 1978. Depois de algum tempo, as sessões passaram a ser realizadas na casa de Alberto Herrera. em Pituaçu, muitas sessões maravilhosas realizadas ali naquele lugar, à beira da lagoa de Pituaçu.
Os primeiros irmãos escolhidos por mim para recomeçar a União do Vegetal aqui na Bahia: Mestre Nonato, Írcio Peixoto, Beto Hoisel, Evelina Hoisel, Fernando Hoisel, Rosana, Alberto Herrera, Antônia Herrera, Anchieta, Noé, João Gutemberg, Tomás e Ester. Ficamos reunidos durante um ano, somente essas pessoas. Depois de algum tempo, foi aberto para novos irmãos. Recordo também a volta de Idevaldo a Salvador, o primeiro mestre que recebeu a estrela dada por mim aqui na Bahia e no Nordeste no início de 1980.
Memórias guardadas no coração

A primeira viagem a Pé de Serra, o encontro com Mestre Antônio e toda a família de Mestre Gabriel: que contentamento em meu coração, aquele encontro tão emocionante. Vivendo tudo isso, sigo a minha vida procurando fazer sempre melhor, sem esperar nenhuma recompensa. Tenho consciência que tudo que fazemos hoje é uma preparação para o que vamos receber amanhã. É uma plantação que vamos colher o que plantamos. Hoje estou contando tempo e também os sonhos realizados, as emoções e as experiências vividas que me trouxeram muitas dores e também alegrias e felicidades.

O primeiro terreno doado à união do vegetal aqui em Salvador foi doado pelo irmão Sérgio Hazim. Ali naquele terreno foi a pedra fundamental de toda a nossa história, o primeiro templo construído em Salvador e no Nordeste: Núcleo Apuí. Quero ressaltar o trabalho constante dia e noite do nosso irmão Alberto Herrera. Não posso deixar de reconhecer o trabalho desse irmão. Quero sempre lembrar de quem esteve ao meu lado quando mais eu precisei. Esse irmão que no dia da inauguração do templo, dia 22 de julho de 1980, o mesmo recebeu também a estrela de mestre, a segunda estrela dada por mim aqui em Salvador e na região do Nordeste. Eu sempre digo, não podemos esquecer os nossos primeiros irmãos. Tudo isso são lembranças e recordações que o tempo não pode apagar e devem ser consideradas porque são verdadeiras.
2 de Julho e o compromisso com a missão
Por isso, 2 de julho é um marco na minha vida. Todo dia quando acordo fico feliz por viver mais um dia de toda essa história do início da união de vegetal aqui no nordeste do Brasil. É com o gostinho do dever cumprido que sinto meu coração cheio de alegria e felicidade. Parece que foi ontem, já se passaram 49 anos. Estamos entrando nos 50 anos de luta e dedicação. Uns ficaram por aqui perto de mim, outros já se foram, mas eu continuo aqui trabalhando no cumprimento do meu dever e de minha missão. Sei que não é fácil, mas não posso desistir. Tenho que continuar. Esse é o caminho do mestre.
Mestre Nonato, 59 anos de União do Vegetal e 49 anos de União do Vegetal na Bahia e no Nordeste. Hoje lembrando da minha chegada a Salvador, Bahia, às 7 horas da manhã de uma sexta-feira, dia 2 de julho de 1976, eu desembarcava na rodoviária de Salvador com 10 litros de Vegetal, minha maleta e os estatutos da União do Vegetal, com a esperança de iniciar a União do Vegetal aqui no Nordeste. Vivo esse momento como se fosse hoje. Trazia comigo a força de um desbravador e a luz no coração de um homem nordestino, cheio de esperança e de amor.
Naquela época, as coisas eram bem diferentes de hoje. Quase ninguém conhecia a União do Vegetal. Não existiam núcleos em quase nenhum lugar do Brasil e nem do mundo. Só existia o Daime, em Rio Branco, Acre, dirigido por Irineu, conhecido pelos seus adeptos como padrinho Irineu, e a sede da União do Vegetal em Porto Velho, criada por Mestre Gabriel e o núcleo Caupuri. de Manaus, o qual fui representante por 4 anos e também o Sama, de São Paulo, que estava iniciando.
Os primeiros dias em Salvador

Com minha chegada aqui em Salvador, fui recebido por um amigo de nome Marival, e bebemos vegetal pela primeira vez às 9 horas da manhã do dia de minha chegada, na praia dos artistas, como era chamada, na Boca do Rio, no dia 2 de julho de 1976, uma sexta-feira. A primeira sessão foi realizada no dia 3 de julho de 1976, um sábado, na rua Orlando Moscoso, número 40, em uma pequena casa de taipa, bem simples, na Boca do Rio. Naquela sessão tinha aproximadamente 20 pessoas, sessão boa que deixaram boas lembranças.
A segunda sessão foi realizada no mesmo local no dia 5 de julho do mesmo ano, uma segunda-feira, com praticamente as mesmas pessoas e mais um amigo convidado por Marival de nome Írcio Peixoto, o qual devemos agradecer de coração a essa pessoa, pois se não fosse ele, eu tinha desistido. Eu não teria força suficiente para iniciar todo esse trabalho aqui em Salvador. Posso dizer com toda segurança que isso foi a minha base fundamental para todo esse trabalho realizado aqui em Salvador. A terceira sessão foi realizada no dia 22 de julho na casa de Írcio, no Porto da Barra, no edifício Maria Isabel, sexto andar.
Írcio era casado e tinha uma esposa de nome Neusa e dois filhos, um garoto de nome Cristian e uma menina de nome Candice. Eles tinham viajado para visitar familiares no interior. Então ele cedeu o seu apartamento para que fosse realizada a terceira sessão no dia 22 de julho de 1976. Cheguei a morar também com ele e a família nesse apartamento por 30 dias. Foram momentos que estão vivo nas minhas lembranças e jamais serão esquecido. Tenho muito a agradecer à esse irmão, que lamentavelmente desencarnou no dia 11 de janeiro de 1979, aos 42 anos, causado pelo infarto.
Perder um amigo é como se perdesse uma jóia preciosa. É uma perda irreparável. É como se arrancasse um pedaço da gente. Isso traz uma dor e um sofrimento muito profundo que só o tempo pode apagar. É assim a vida. Quando uns vêm chegando, outros vão partindo, ficando somente as saudades e as recordações.
O sofrimento, as dificuldades vencidas e a realização

Mesmo assim, tive que continuar minha missão. Eu continuei. Foi muito difícil, mas lutei para chegar até aqui e cheguei enfrentando muitos e muitos desafios e provações. Mas o herói é aquele que atravessa todas as dificuldades e chega do outro lado como vencedor. Com a minha chegada a Salvador, onde criei o Núcleo Apuí, foi aonde iniciou toda essa história da união vegetal no Nordeste. Criei também 10 núcleos aqui nessa região, começando praticamente do nada, somente com a cara e a coragem, e a força que Deus me deu para seguir meu caminho e minha missão.
Hoje é muito fácil se criar um núcleo. As pessoas já levam o núcleo pronto com discípulos, conselheiros e mestres, templo, casa de preparo, Mariri e Chacrona já plantados. Quero ver a começar iniciando tudo do nada, sem conhecer ninguém, sem recursos. É aí onde a gente pode ver o talento de um mestre. Criei aqui em Salvador, o núcleo Apuí. Depois vem Fortaleza, Recife, Ilhéus, Coração de Maria, Caruaru, esse auxiliado pelo Mestre Idevaldo, que estava na frente dos trabalhos em Caruaru. Ele veio para Caruaru, convidado por mim.
Iniciei também em Belém do Pará e Guarapari, que fica no Espírito Santo, também auxiliado pelo mestre Idevaldo. Quem deu o vegetal pela primeira vez em Guarapari, Espírito Santo foi o mestre Idevaldo, autorizado por mim, que era o representante na época do Núcleo Apuí, o qual ele frequentava comigo. Dei vegetal para milhares de pessoas e continuo dando. Muitos eu coloquei na sessão instrutiva, corpo do conselho e quadro de mestres. Mais de 50 mestres foram feito por mim nessa região. O primeiro foi o mestre Idevaldo, no início de 1980 e o segundo, mestre Alberto Herrera, no dia 22 de julho de 1980. Os outros vieram depois.
Tudo isso é muito gratificante e me sinto feliz por fazer parte da história da vida dessas pessoas. Mesmo que em alguns momentos eu não seja reconhecido por algumas pessoas, mas sinto no meu coração a alegria de auxiliar e do dever cumprido.
As primeiras palavras sobre Mestre Gabriel no Nordeste
Quando cheguei em Salvador e nessa região do Nordeste, as pessoas nunca tinham visto falar em Mestre Gabriel. O primeiro a falar sobre mestre Gabriel por aqui fui eu, trazendo os primeiros ensinamento básico da União do Vegetal, que é o Mariri, o que é a Chacrona, as primeiras chamadas, como dirigir uma sessão, como preparar vegetal, o ritual das sessões, quem é mestre Gabriel, como chegar ao Corpo Instrutivo, como chegar ao Corpo do Conselho e por final como ser um Mestre. Tudo isso é um trabalho feito por mim com amor aqui no Nordeste. Creio que merece ser visto com todo carinho e consideração não só o meu trabalho, mas também o de todos aqueles que me auxiliaram a chegar até aqui.
Sofri muito, mas valeu a pena, porque hoje eu vejo as pessoas felizes e os frutos desse trabalho plantado no coração de muitas pessoas. Nessa caminhada, muitas e muitas vezes tive vontade de chorar, mas tive que calar para poder atender o irmão que estava precisando de mim. Quantas vezes me deu vontade de correr, mas tive que ficar e continuar aqui para atender os irmãos que necessitavam de mim. Tenho consciência que hoje eu vivo mais para servir do que ser servido, mais para amar do que ser amado, mais para compreender do que ser compreendido. Isso é o caminho que escolhi para minha vida, ser mestre na União do Vegetal.
Quando eu cheguei aqui nesse lugar, encontrei incrédulos, ateus, viciados, que na opinião da sociedade não tinham mais recuperação, gente perdida e lares desfeitos, bêbados que maltratavam as esposas e filhos, filhos que maltratavam os pais e faziam sofrer. Foram essas pessoas que chegaram aqui na união do vegetal e se encontraram comigo e transformaram suas vidas para melhor através da doutrina e dos ensinamentos espirituais. Conheci também algumas pessoas que chegaram aqui com suas vidas mais arrumadas e não me deram muitos problemas e nem muito trabalho, mas precisava de uma nova visão de mundo para poder evoluir e crescer na espiritualidade.
E hoje a experiência vivida no decorrer de todos esses anos vale mais do que ouro em pó. Depois de algum tempo e de um trabalho feito por mim, foram também essas pessoas que me auxiliaram a construir toda essa fortaleza aqui no Nordeste.
Agradecimento aos irmãos de caminhada

Quero agradecer de todo coração aos corajosos que não desistiram e continuaram me apoiando e confiando em mim e no meu trabalho. Então, quero tirar de todas as dificuldades que passei em minha vida, a lição que nada tem valor se não tivermos amor em nossos corações para trazer alegria e um sorriso no rosto de um irmão sofredor. Amigo não é dinheiro. Amigo é amizade verdadeira. É estar junto do irmão quando ele precisa de uma mão para se levantar e se firmar. Por isso eu digo, não chute o pau da bandeira do seu irmão, porque amanhã você pode precisar e quem sabe se não será esse irmão que vai lhe dar a mão para você poder se levantar e seguir em frente à procura da luz que vem clarear sua alma e seu coração. Nunca feche a porta. Pode ser que amanhã você queira voltar.
O segredo de minha felicidade está em não desistir, não me esquecer do meu objetivo e nem do cumprimento de minha missão aqui na Terra.
O encontro com a Família de Mestre Gabriel e as origens do trabalho feito em Coração de Maria

Dessa minha chegada a Salvador, uma das coisas mais preciosas foi o encontro com a família de Mestre Gabriel. Uns moravam em Pé de Serra, outros em Coração de Maria e o Mestre Antônio em Feira de Santana. Da família de Mestre Gabriel, eu tive a oportunidade e o prazer de dar vegetal para a mãe dele, dona Prima, e mais oito filhos dela, irmãos do Mestre Gabriel.
O Mestre Antônio bebeu duas vezes o vegetal com o Mestre Gabriel, e depois continuou comigo aqui no Apuí. Entrou na sessão instrutiva, Corpo do Conselho. Depois recebeu a estrela de Mestre dada por mim aqui em Salvador.
É bom falar um pouco de Coração de Maria. Ali começou a história dessa família de 14 filhos. Pai Manuel Gabriel da Costa, mãe Prima Feliciana de Vasconcelos da Costa e filhos João Gabriel, Dionísio Gabriel, Priscila Gabriel, Pedro Gabriel, Romão Gabriel, Maria Gabriel, Miúda Gabriel, José Gabriel, Celerina Gabriel, Alfredo Gabriel, Antônio Gabriel, Maximiliano Gabriel, Hipólito Gabriel e Albertina Gabriel.
Ali onde o canto dos pássaros e a flor do mandacaru perfuma a caatinga do sertão. O silêncio da Natureza são os mistérios que encantam o Coração de Maria. Esse casal, Manuel e Prima, que são os pais de Mestre Gabriel, quando foram morar na área rural do município de Coração de Maria, tinha como referência uma família que vivia na região em uma fazenda de nome Pedra, como forma de destacar a terra adquirida da fazenda Arroz, que ficava de fronte à fazenda Pedra, o casal deu o nome de Pedra Nova, que fica situado no Retiro, no município de Coração de Maria, aproximadamente a 140 km de Salvador.
Hoje pouco mudou daquela época, saindo de Feira de Santana, km de cascalho, a beleza das casinhas pequeninas, com pequenos jardins bastante floridos, é uma demonstração da simplicidade de onde nasceu a nossa história. Tudo isso continua vivo dentro de mim, essa simplicidade e essa originalidade. Desses 49 anos de vivência aqui em Salvador, vivi muitas dores, muitas alegrias. Muitas pessoas também passaram por minha vida, mas só ficaram aqueles que estão ligado pelo sangue e pelo coração.
Minha história com Mestre Gabriel
Sou um mestre feito por Mestre Gabriel. Bebi Vegetal pela primeira vez em 1966, há 59 anos, em Manaus. Depois de 2 anos, em 1968, fui para Porto Velho, iniciando a minha caminhada com mestre Gabriel, um grande amigo que tive na minha vida. Recebi a Estrela de Mestre, entregue por ele em 1971, no compromisso de ser um zelador na União do Vegetal e um lutador pela paz entre os homens. Em fevereiro de 1972, fui morar na Bolívia. Me casei com Roxana em 1973. Retornei para Manaus, onde recebi por 4 anos a representação do núcleo Caupuri, o primeiro núcleo da União vegetal.
O primeiro representante de núcleo do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal foi o mestre Florêncio. O segundo fui eu. De 1973 até junho de 1976. Foi quando saí de Manaus com destino à Bahia, chegando a Salvador no dia 2 de julho de 1976.
Reconhecimento e gratidão à família
Quero deixar aqui também registrado que Roxana, na época minha esposa, a qual tivemos três filhos, Alexandre, Marcelo, Ricardo e também Davi, criado como um filho. Ela foi uma pessoa muito importante na minha vida e nessa história que eu estou relatando, por estar a meu lado, me auxiliando no engrandecimento da União vegetal aqui na Bahia e no Nordeste.
Ela foi uma conselheira aqui do Núcleo Apuí, o qual eu tenho uma grande consideração e gratidão. A mesma fez a passagem e não se encontra mais aqui em nosso meio. Deus já levou para sua morada.
Não posso deixar de dizer que todas essas pessoas que participaram comigo dessa história tem o seu valor e deu também a sua colaboração. Com isso, quero dizer que por mais dura que seja a caminhada, não devemos desistir, porque bem lá na frente a bonança vem chegar. Lembre-se que eu estou aqui para continuar no cumprimento de minha missão e para quem precisar de um amigo.
Um grande abraço no coração de todos os irmãos da União do Vegetal. Esse é um pequeno relato de toda a minha história.
Meu compromisso com os ensinamentos da União
Quero também falar um pouco para vocês que hoje eu não me encontro mais frequentando o Centro Espírita Beneficente União Vegetal, o qual me desliguei está inteirando 21 anos, mas eu tenho o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal no meu coração, porque foi onde eu iniciei toda a minha caminhada espiritual, onde eu tenho bons amigos, pessoas queridas, que tenho muita consideração a todos.
Hoje estou em outra sociedade, criada por mim, que é o Centro Espírita Jacinto Luz Taboa, e a União do Vegetal continua no meu coração e no meu sangue. Estou aqui para cumprir todas as determinações, tudo aquilo que aprendi com Mestre Gabriel e procurar não fugir nem um milímetro daquilo que ele me ensinou.
Luz, paz e amor a todos os irmãos.
Carinhosamente,
Mestre Nonato
Veja abaixo o vídeo no youtube: